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DINÂMICA DO FÓSFORO EM SOLOS BRASILEIROS

Diego Giacomini, Rogério Gonzatto e Glaucio Leboso

Com o avanço do intemperismo, os solos diminuem sua capacidade de adsorção e troca de cátions (íons positivos, como o cálcio) e, ao mesmo tempo, há um aumento da capacidade de adsorção dos ânions (íons negativos, como o fosfato). Além disso, em solos muito intemperizados, o aumento do teor de argila fará com que haja uma ampliação da capacidade de adsorção aniônica.  

Esse aumento da adsorção de ânions com o avanço do intemperismo, pode ser explicado também pelo aumento de cargas positivas, principalmente, nos óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio presentes na fração argila (Figura 1). Por sua vez, o quantitativo de cargas positivas é altamente dependente da acidez do solo, ou seja, quanto mais intemperizado, argiloso e ácido for o solo, maior será o quantitativo de cargas positivas na superfície dos óxidos e, portanto, maior será a adsorção de ânions como os P (fixação de fósforo).

Figura 1. Esquema representativo da adsorção do P por meio de ligações com os óxidos e hidóxidos de ferro do solo. Fonte: Novais et al. (2007).

Assim, solos altamente intemperizados, argilosos e sem acidez corrigida são fortes drenos de ânions fosfatos e competem com a planta pelo fósforo adicionado via adubação. Por isso, nesses solos se faz necessário grande quantidade de fertilizantes fosfatados. Solos como esses podem adsorver mais de 4 Ton ha-1 de P (Ker, 1995) ou 9.2 Ton ha-1 de P2O5, o que corresponde a 46 Ton ha-1 de superfosfato simples ou 20 Ton ha-1 de superfosfato triplo.

Em contrapartida, o objetivo central da adubação fosfatada é atender a necessidade de fósforo para que as plantas completem seu ciclo de desenvolvimento. Porém, para que a eficiência da adubação seja máxima é fundamental considerar a capacidade de adsorção dos solos, ou seja, quanto do fósforo adicionado realmente estará disponível as plantas. Deve-se destacar que essa capacidade é diferente para cada tipo de solo, variando com as características pedogenéticas, grau de intemperização, histórico de adubação e cultivo.

Como visto, a dinâmica do P em solos tropicais é complexa e requer uma abordagem integrada e multidisciplinar dos fatores químicos, físicos e biológicos do solo. Esse cenário impõe desafios e oportunidades. Visando aumentar a disponibilidade de P às plantas e a sustentabilidade do sistema de produção agropecuária, a pesquisa vem apontando algumas alternativas para o manejo do P em solos tropicais, das quais podemos destacar:

  • A correção da acidez do solo, que acrescenta cargas negativas na superfície das argilas, diminuindo a adsorção do fosfato, além de promover o crescimento das raízes em profundidade, explorando maior volume de solo.
  • A prática da fosfatagem, que é em alguns casos é necessária para aumentar a eficiência da adubação fosfatada por meio da saturação dos sítios de adsorção de fósforo.
  • Sistemas de manejo conservacionistas do solo, como o plantio direto, que aumenta o teor de matéria orgânica do solo, reduzindo a fixação do fosfato devido ao bloqueio dos sítios de adsorção pelos ácidos orgânicos.
  • Fertilizantes de liberação gradual, que sincronizam a demanda de P das plantas com o que é solubilizado dos fertilizantes.
  • O desenvolvimento e a utilização de microrganismos capazes de mobilizar e solubilizar o fósforo adsorvido, também tem se mostrado como estratégia promissora.

Referências:

KER, J.C. Mineralogia, sorção e dessorção de fosfato, magnetização e elementos traços de Latossolos do Brasil. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1995. 181p. (Tese de Doutorado).

NOVAIS, R. F.; SMYTH, T. J.; NUNES, F. N. Fósforo. In: NOVAIS, R. F.; ALVAREZ V., V. H.; BARROS, N. F.; FONTES, R. L. F.; CANTARUTTI, R. B.; NEVES, J. C. L. Fertilidade do Solo. Viçosa, MG, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. p. 471-550.

Para saber mais sobre adubação de fosforo em pastagens baixe a Cartilha de Uso de Fósforo em pastagens

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